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Arquitetos: Canobardin
- Área: 245 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Imagen Subliminal
Descrição enviada pela equipe de projeto. As condicionantes, o ambiente e as técnicas usuais dos pedreiros locais impõem o resultado. A casa recém construída fica localizada em uma propriedade agrícola em La Mancha Alta, em Cuenca, no município de Zafra de Záncara, Espanha. A propriedade é composta principalmente de campos de culturas pontuados por árvores isoladas. Ao norte do lugar escolhido pelo proprietário para construir sua casa e paralelamente à estrada de acesso, há uma fileira de amendoeiras.
A casa é construída em uma área do terreno quase plana, com uma leve inclinação para sudeste e situada no topo de uma mudança de inclinação, o que confere à implantação uma longa vista sobre os campos. O clima é hostil, com um inverno longo, frio e ventoso, enquanto o verão é seco e quente.
O objetivo da casa é ser um lugar onde o proprietário passe os finais de semana e de onde ele possa acompanhar o desenvolvimento das atividades agrícolas. Devido ao tempo em que a casa passa desabitada, sua velocidade de aquecimento foi uma preocupação inicial, assim como a falta de fornecimento de eletricidade.
Os pedreiros da região geralmente constroem com bloco de termo-argila, o que nos levou a optar por paredes portantes de blocos com 29 centímetros de espessura que, juntamente com o isolamento e o revestimento internos, nos levam a ter paredes com mais de 40 centímetros de espessura que garantem ampla proteção contra as hostilidades do clima.
As janelas são pequenas, nos quartos da casa você se sente como um coelho em sua toca. Elas são quadradas com 50x50 centímetros, e são molduras que demarcam a vista dos campos. A água necessária para a casa é obtida de um poço próximo e, devido à ausência de fornecimento de energia, ela é bombeada por uma magnífica instalação solar fotovoltaica que também abastece a casa com eletricidade.
Isto significa que os proprietários da casa podem aproveitar o passar das estações e as mudanças nas plantações ao longo do ano de uma forma 100% auto-suficiente e sem depender de qualquer fornecimento externo. O aquecimento da casa se da por uma caldeira de biomassa que, em conjunto com o bom isolamento da casa, garante que em apenas algumas horas a casa esteja quente e pronta para ser habitada mesmo nos dias mais frios dos invernos gélidos de Cuenca.
A casa se articula em dois volumes, para dar privacidade aos quartos, e entre um conjunto de paredes que criam áreas de convivência agradáveis. Estas paredes às vezes servem para nos proteger dos ventos gelados do norte, outras vezes para adaptar o conjunto à topografia ou para esconder os painéis solares. Isto, juntamente com o uso de telhas recuperadas de uma demolição na região e o bom trabalho de Julián, o pedreiro que construiu a casa, significa que aqueles que vêem a casa não acreditam que seja uma construção nova e nos dizem que parece a reforma de uma construção existente, o que para nós é a melhor coisa que poderia ser dita sobre o projeto.